quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Filosofia, trabalho e alienação

Artigo 2006 escrito por Rosieny Tomaz

A Filosofia seria a arte do bem-viver? Para que Filosofia? Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações. O fato verídico entre teoria e prática, induz a reflexão, como é possível o próprio pensamento? São complexas perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir. A reflexão filosófica pode fazer com que nossa experiência cotidiana, nossas crenças e opiniões alcancem uma visão crítica de si mesma. Não se trata de dizer “eu acho que”, mas de poder afirma “eu penso que”.

Com a filosofia aprendemos que, mesmo com juízo um homem digno não deve ser escravo da sociedade, não ter credulidade, não fazer o que é proposto, mas sim, ter liberdade e tranqüilidade para ser prudente e não deixar ter uma vida ordinária.

Indubitavelmente, falando eu penso, eu sou, eu existo. Se deixasse de pensar, deixaria ao mesmo tempo de ser ou de existir? “Se você acha que filosofia não tem nenhuma utilidade, é porque acha, também, que sabedoria e dignidade se compram em supermercado”.

Somos seres sociais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidas por seres conscientes e dotados de raciocínio. Compreender o Universo nessa perplexidade genérica nos conscientiza a procurar explicações para compreender o que parece ser irracional e inquestionável. Imaginamos, logo sentimos os efeitos que vemos, e que ouvimos.

Precisamos pensar-nos ao pensar, conhecer-nos ao conhecer. É essa existência reflexiva fundamental, que não é só a do filósofo profissional e não deve estende-se apenas ao homem de ciência, mas deve ser a de cada um e de todos. Saber pensar não é algo que se obtém por técnica, receita ou método. Saber pensar não é só aplicar a lógica e a verificação aos dados da experiência.

Segundo Immanuel Kant, a filosofia é a rainha de todas as ciências. “Na filosofia, aprendemos a analisar os elementos que compõem a existência humana no mundo. Por isso, ela também é chamada de analítica existencial. Seu conhecimento é muito vasto, profundo, concreto e coerente”. Kant afirmou que a filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade. Em fim, a razão humana é, por natureza, arquitetônica.

Descartes dizia: a filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes.

No surgimento do capitalismo, onde tudo gira em torno do lucro, Marx chama de fetichismo da mercadoria e reificação do trabalhador. Ele declarou que a filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria justiça, abundancia e felicidade para todos.

É, pois, a filosofia tem um sentido fidelíssimo na simbologia dos signos de saber e de poder, que logo nos mostra o que devemos fazer. Por isso, ela está intimamente ligada à existência humana, à convivência. Nela divisamos ‘o projeto fundamental da vida’. Nesse sentido prático de inteligência humana, enriquecimento de sabedoria, lógica, caminhos de realizações, ou seja realidade.

A máquina exerce tal fascínio sobre a mentalidade do homem, acompanhando a vida social e econômica. Fenômenos ocorrendo paralelamente ao desenvolvimento humano. As alterações sociais decorrentes da implantação do sistema fabril indicam o deslocamento de importância central do setor primário, agricultura, para o setor secundário, indústria.

O capital acumulado permite a compra de matérias-primas e de máquinas, o que faz com que muitas famílias que desenvolviam o trabalho doméstico nas antigas corporações, tenham que dispor de seus antigos instrumentos de trabalho e, para sobreviver, se vejam obrigadas a vender a força de trabalho em troca de salário.

A racionalização, a mercadoria num conteúdo ideológico, adquire valor superior ao homem, pois se privilegiam as relações entre coisas, que vão definir relações materiais entre pessoas. Com isso, a mercadoria assume formas abstratas, o dinheiro, o capital que, em vez de serem intermediários entre indivíduos, convertem-se em realidades soberanas e tirânicas.

Dentro do contexto trabalho, surge a palavra alienaçã,o que vem do latim alienare, alienus, que significa “que pertence a um outro”. Sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para outrem o que é seu. Enquanto prevalecer as funções divididas do homem que pensa e do homem que só executa, será impossível evitar a dominação, pois sempre existirá a idéia de que só alguns sabem e são competentes e, portanto, decidem: a maioria que nada sabe é incompetente e obedece.

Sorte ou competência contestada por excelência no discurso filosófico, as necessidades de consumo variam conforme a cultura e também depende de cada indivíduo. O advento da era industrial e o crescimento das cidades alteram o panorama.

O problema da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a consumirem de maneira alienada.

É bom lembrar que na história da criação da civilização industrial, que aparece como um fenômeno de massa, com características especiais que nunca existiram antes do século XX. Ressaltando também as reivindicações dos trabalhadores, que foi de extrema importância na época de 30, a lei das oito horas, férias, descanso remunerado e outras conquistas, refletem na ância dos bens de consumo que se estabelece na globalização, junto com a civilização do entretenimento e lazer.

A obsolescência dos objetos, rapidamente postos “fora de moda”, exerce uma tirania invisível, obrigando as pessoas a comprarem a televisão nova, o refrigerador ou o carro, porque o design se tornou antiquado ou porque uma nova engenhoca se mostrou “indispensável”.

Comentar sobre filosofia é interessante, é a mesma coisa que comentar sobre o amor que é mágico. Eu como uma simples mortal, considero Sócrates, como destaque entre os filósofos. “Sei que nada Sei”. Admiração e espanto, essa relação com globalização está definitivamente entre a nossa capacidade de pensar.

Ensaio fotográfico! Formatura Jornalismo ALFA 2009