quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Jornalista de Goiás denuncia censura em TV pública

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ESTELITA HASS CARAZZAI
DE SÃO PAULO

Atualizado às 15h44.

O jornalista Paulo Beringhs, apresentador de um programa noticioso na TV Brasil Central --mantida pelo governo de Goiás--, declarou que estava sendo censurado pelo governador Alcides Rodrigues (PP). A declaração foi feita ao vivo, durante a transmissão do Jornal "Brasil Central", na noite de quarta-feira (20).

"Estamos sendo censurados. Estamos sob intervenção", disse o jornalista.


Beringhs se referia ao veto à entrevista com o senador e candidato ao governo de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) --adversário político de Rodrigues. Perillo disputa o segundo turno com Iris Rezende (PMDB), que tem o apoio do governador e que não compareceu ao programa para a entrevista.

"Iris não veio, Marconi Perillo viria hoje [quinta-feira, dia 21], só que eu recebi ordens de não trazer Marconi Perillo ao programa", disse o jornalista no ar, durante o programa noticioso.

Ainda no programa, Beringhs também declarou que o grupo de Iris Rezende "tem tradição em censurar a imprensa", embora afirmasse que o jornalismo da TV Brasil Central tinha liberdade até então.

O jornalista ainda fez referências a Jorcelino Braga (PP), ex-secretário da Fazenda de Alcides Rodrigues e que atualmente integra o marketing da campanha de Rezende, sugerindo que ele teve participação na ordem de censurar a entrevista.

Beringhs também anunciou a presença de outro jornalista na bancada do programa e disse que ele estava lá para substituí-lo a partir do dia seguinte --o que é negado pelo colega. "Você sabe exatamente o que aconteceu. Garanta o seu emprego, que eu garanto minha dignidade", disse Beringhs.

OUTRO LADO

O presidente da Agecom (Agência Goiana de Comunicação), Marcus Vinícius de Faria Felipe, que é responsável pela TV Brasil Central, do governo do Estado, nega que tenha havido censura.

Segundo ele, a entrevista com o candidato tucano não chegou a ser desmarcada, e não houve ordens para que fosse.

"Não há censura à participação de nenhum dos candidatos; o espaço está aberto", disse. Ele afirmou que o Jornal Brasil Central já havia entrevistado Marconi Perillo na última quinta-feira (14).

Sobre as declarações de Beringhs, disse que "não sabe das razões" do apresentador para afirmar que houve censura. "Às vezes, acontece esse tipo de conflito. Não é a primeira vez que um apresentador é intempestivo no ar. Não sei das razões do Paulo", afirmou Felipe.

O diretor ressaltou que a TV quer que o jornalista continue na emissora e que ele não foi demitido. No telejornal de ontem, Beringhs afirmou: "Certamente, amanhã [hoje], já não estarei mais à frente deste programa".

Beringhs tem um contrato com a TV Brasil Central, em nome de sua empresa, para produzir o telejornal. O contrato, que prevê que ele seja o apresentador do programa, não foi rompido, de acordo com Felipe. "A gente o reconhece como um bom profissional", afirma.

Segundo Felipe, se Beringhs se afastar da apresentação do telejornal, terá sido por iniciativa própria.

O jornalista afirmou que não pretende mais comandar o programa



Presidente da Agecom diz que acusação de censura na TBC é “alegação torpe”

Da Redação portal730.com.br

Em entrevista exclusiva ao Portal 730, o presidente da Agência Goiana de Comunicação, Marcus Vinicius de Faria Felipe, se diz “surpreso” com o comportamento do jornalista Paulo Beringhs, apresentador do Jornal Brasil Central. Na quarta-feira (20), Beringhs interrompeu a edição noturna do programa e denunciou suposta “censura” a entrevista do candidato a governador Marconi Perillo (PSDB) que seria veiculada nesta quinta-feira (21). Marcus Vinicius deu detalhes do contrato firmado entre a Agecom e a empresa Conceito Produções e Eventos Jornalísticos Ltda, de Beringhs. Segundo ele, o acordo continua em vigor. Confira.

Como foi exatamente a história denunciada pelo jornalista Paulo Beringhs na quarta-feira (20)?

Foi uma surpresa pra mim ter conhecimento do fato depois de acontecido, pelo Twitter. Manifestei minha surpresa. A maneira como tudo foi colocado não condiz com o espírito democrático e com a lisura da TV Brasil Central.

O senhor pediu que alguém acompanhasse a entrevista com o senador Marconi Perillo (PSDB) ou tentou de alguma forma cancelar essa entrevista?

Isso é que causa estranheza. O senador concedeu entrevista na última quinta-feira [14] e a [nova] entrevista continua marcada para hoje [21]. O programa continua sendo apresentado pelo Paulo. E vale esclarecer o seguinte: o Paulo tem um contrato com a TV Brasil Central. Segundo esse contrato, a empresa dele é responsável pela apresentação e pela produção do Jornal Brasil Central, edição da noite. Portanto, é um programa da TV Brasil Central. Vai ao ar, normalmente, às 22 horas. Com o período eleitoral, passou a ser apresentado mais tarde. No nosso entendimento o contrato continua em vigor. A Agecom tem interesse que o Paulo continue apresentando o jornal.

Então o contrato não foi cancelado?

Da nossa parte, não. Não houve destrato por parte da Agecom. A empresa do Paulo é a Conceito Produções e Eventos Jornalísticos Ltda.

Quais são as condições de rescisão desse contrato?

O contrato prevê um editor-chefe, dois cinegrafistas, dois repórteres, um âncora, que é o Paulo, e um produtor: “Estabelecer em conjunto com a Diretoria de Radiodifusão da Agecom ou outro setor indicado pela contratante as estratégias do programa e utilizar a marca da TV Brasil Central nas reportagens e matérias a serem veiculadas. Ceder à Agecom, quando solicitado, as matérias produzidas pela contratada e veiculadas no programa para utilização em outros telejornais. Apresentar o programa ao vivo diretamente de seus estúdios, enviando o sinal via link para a sede da TV Brasil Central”. O contrato reza que ele faça a produção e apresentação em comum acordo com a TV Brasil Central, que é responsável pela edição de todo o jornalismo apresentado na TV.

O que significa acertar em conjunto “as estratégias do programa”?

São as pautas. O jornal que o Paulo apresenta traz um resumo das notícias do dia e ele também leva convidados para debater temas que sejam do interesse da comunidade. Faz parte do material veiculado pela TV. Paulo, nesse caso, não é um terceirizado, não faz uma programação a revel da programação da TV.

Ou seja, o conteúdo tem de estar em acordo com a linha editorial da Televisão Brasil Central?

Exatamente. Como o Jornal do Meio-Dia, apresentado pelo Cléber [Ferreira].

Havia uma estratégia definida para as entrevistas com os candidatos a governador nesse período?

Aquilo que pede o TRE-GO [Tribunal Regional Eleitoral de Goiás], nada mais, nada menos. O TRE pede isonomia. A gente tem cuidado para dar essa isonomia. Nosso debate aqui [no dia 24 de agosto, com todos os governadoriáveis] foi democrático, com regras acordadas entre as equipes de todos os candidatos. As entrevistas com os candidatos no Jornal Brasil Central, edição do almoço, e no Jornal Brasil Central, edição da noite, também foram acordadas com os candidatos. Seguimos aqui o que foi determinado pela Justiça Eleitoral.

Houve autorização da diretoria da Agecom para realização de duas rodadas de entrevistas com os candidatos a governador no segundo turno?

Essa é uma situação que precisa ser esclarecida. O Paulo fez o convite ao senador Marconi, que foi entrevistado na última quinta-feira [14], uma semana atrás, portanto. Ele [Paulo] fez o convite para a campanha do candidato Iris Rezende. Por razões de agenda, o candidato preferiu não ser entrevistado naquele momento. Paulo, então, fez novo convite ao senador Marconi. O senador, que já havia sido entrevistado, seria entrevistado mais uma vez. Pela isonomia que o TRE estabelece, a gente deveria entrevistar o candidato Iris Rezende duas vezes.

Após a impossibilidade de Iris participar da primeira rodada de entrevistas, a segunda rodada foi acordada com a direção da Agecom?

Não, não foi acordada. Não houve nenhum acordo nesse sentido. No meu entendimento e no entendimento do jornalismo da TV Brasil Central, deve ser mantida a isonomia. Se um candidato tem direito a uma entrevista, o outro também tem. Se forem duas entrevistas, duas entrevistas devem ser feitas com o outro candidato também. Para que amanhã não sejamos cobrados por uma postura não-isonômica.

O fato de um candidato recusar o convite para participar de uma entrevista é uma autorização tácita para que outra entrevista seja realizada com o adversário?

A negativa foi por motivo de falta de horário na agenda. Se posteriormente o candidato pede a entrevista, vou ter que atender. Prefiro me ater, então, ao que reza a legislação eleitoral: um candidato deve ter o mesmo espaço que o outro.

Houve interferência de membros da campanha de Iris Rezende nesse processo, conforme foi dito pelo jornalista Paulo Beringhs?

De maneira nenhuma. Não faz nenhum sentido isso. A TV Brasil Central é que determina a política de edição do seu jornalismo.

O que o contrato prevê em relação à rescisão?

A cláusula 11ª dispõe sobre rescisão: “A rescisão do presente contrato poderá ser: determinada por ato unilateral e escrito da Agecom nos casos enumerados nos incisos 1, 12 e 17 do artigo 78 da Lei 866/93; amigável, por acordo entre as partes; judicial, nos termos da legislação”. Nenhum desses casos se aplica a essa situação.

Quer dizer que se Paulo Beringhs não apresentar o telejornal ele está sujeito às sanções do contrato?

Exatamente.

O fato de Paulo Beringhs ter ligação com um partido por filiação preocupa a Agecom?

Quem fez contrato foi o saudoso presidente da Agecom Valterli Guedes. As tratativas para esse contrato foram feitas nos meses de agosto, setembro, de 2008, e o presidente veio a falecer em setembro do mesmo ano. Assumi em novembro e faltava protocolar o contrato, enfim, o novo presidente deveria ter ciência e assinar o contrato. Assinei o contrato em memória de Valterli. Contrato de um ano. Já na minha gestão foi feito um aditivo por mais um ano, por volta do mês de setembro também, ou seja, já no período eleitoral. Por causa de Valterli e também por conhecer o Paulo, pelo profissional que ele é, experiente, reconhecido, que aquela era uma boa aquisição: a participação dele no jornalismo da TV Brasil Central.

Pelo contrato, então, a Agecom tem o direito de discutir a pauta do programa, inclusive a agenda de convidados?

Sim. A parte editorial do programa é ligada à Direção de Rádio e TV da Agecom.
Houve censura, como foi dito?

Se houvesse censura, não haveria a primeira entrevista [com Marconi Perillo, na quinta-feira 14). Então essa é uma alegação torpe.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Arquiteto Oscar Niemeyer declara apoio a Dilma


• atualizado


Mesmo aos 102 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer mantém-se ativo tanto na arquitetura como na vida política. Em vídeo divulgado neste sábado (9)declarou seu apoio à candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff.

Niemeyer argumentou que Dilma "representa" o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segundo ele "pela primeira vez deixou o povo brasileiro sorrir um pouco".

No primeiro turno das eleições, realizada no domingo passado, a petista obteve 46,91% dos votos, contra 32,61% de José Serra (PSDB), mas não alcançou a maioria necessária para evitar o segundo turno, que será realizado no próximo dia 31.

Agora assistindo o jornal Hoje Globo, segunda-feira às 8h. Dilma tem 47% contra 40% de Serra.